Espanha se torna um caso à parte em uma UE que se inclina à direita na política migratória
A Espanha se destaca em meio a uma União Europeia (UE) que adota uma postura cada vez mais rígida em relação à imigração. Enquanto outros países, como Itália e Polônia, propõem medidas severas, o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, defende uma abordagem mais humanitária. Durante uma recente cúpula da UE, projetos como o da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, que sugere enviar solicitantes de asilo a campos na Albânia, receberam apoio. No entanto, Sánchez argumenta que a migração “regular”, “segura” e “ordenada” é fundamental para lidar com os desafios do envelhecimento populacional e da escassez de mão de obra na Europa.
Caminhos Distintos na Política Migratória
Blanca Garcés, especialista em migração, afirma que a Espanha é “um caso único dentro do contexto europeu”. O país adota um procedimento que permite a legalização de migrantes após três anos de residência. Isso contrasta com a abordagem de muitos países europeus, onde a imigração é um tema polarizador. Na Espanha, o crescimento do partido de extrema direita Vox não se deu principalmente pela questão migratória, mas por outros fatores, como a crise da Catalunha.
Apesar de ser um dos principais pontos de entrada de migrantes, especialmente nas Ilhas Canárias, a migração não gerou um forte debate político. Durante visitas a países africanos de onde muitos migrantes partem, Sánchez defendeu a “migração circular”, permitindo que os trabalhadores permaneçam legalmente na Espanha por um tempo determinado.
Desafios e Perspectivas Futuras
Essa política, embora positiva, enfrenta críticas. Lorenzo Gabrielli, da Universidade Pompeu Fabra, descreve a posição da Espanha como “ambígua”. Embora o governo rejeite centros de imigrantes em países fora da UE, colabora com Marrocos para controlar a imigração.
Recentemente, a Espanha anunciou um projeto de reforma migratória para regularizar milhares de migrantes e acelerar a obtenção de vistos. Apesar de a migração ser menos polarizada na Espanha, a crescente preocupação pública e a ascensão de partidos como Vox indicam que a situação pode mudar. Se essa tendência continuar, Sánchez enfrentará um desafio ao equilibrar suas políticas com a opinião pública.
A posição da Espanha na política migratória da UE reflete um compromisso com abordagens mais humanas e práticas, mas o futuro permanece incerto em um cenário político em evolução. O governo de Sánchez terá que lidar com a pressão crescente e encontrar formas eficazes de manter a coerência em suas políticas de imigração.